Segundo analista, a compra de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássio poderá ser mais favorável entre setembro e outubro deste ano
O analista Marcelo Mello, da consultoria StoneX, disse, em reunião com técnicos e executivos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que os preços dos produtos da fórmula NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) dispararam entre 2008 e 2022 e, segundo ele, estão no maior patamar da história. Desta forma, o cenário para o segundo semestre de 2022 deve ser turbulento para o produtor rural, que depende do produto para adubar as produções.
Entre os fatores que explicam a disparada dos preços estão a crise do gás natural, a guerra russa na Ucrânia e o aprofundamento das sanções dos Estados Unidos à Bielorrússia.
"Esperamos para 2022 o encontro entre oferta e demanda, correções de preços e o final do ciclo de alta. Já para 2023/2024, poderemos ter uma acomodação das crises entre os países, Bielorrússia, Rússia e Ucrânia, retorno das exportações da China, novas produções de NPK e o mercado tende a operar em queda”, disse o analista, no evento.
Segundo o analista, a compra de fertilizantes nitrogenados, fosfatados e potássio poderá ser mais favorável entre setembro e outubro deste ano — ele apontou que os preços devem começar a cair a partir de 2023. “Os produtores de grãos ainda não estão produzindo com prejuízo, mas com risco. Por isso, a necessidade de dosar o uso”, afirmou.
Quando se leva em conta o preço das importações de fertilizantes, o crescimento foi de 178% entre janeiro e maio deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da CNA. O volume importado do produto, porém, só cresceu 16% no período.
“A gente tem uma estimativa de um aumento do custo perto de 40% para a soja e de 51% para safra de verão no custo operacional efetivo, que é o custo de desembolso do produtor. Então é bastante expressivo quando você compara a safra de um ano para o outro. Só custos com fertilizantes é ainda mais expressivo, então para a soja passa de 80%. E para o milho chega perto de 93%”, disse a coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Natália Fernandes, em nota.
Esse aumento nos custos de produção para o produtor rural deve recair, ainda, sobre o consumidor final, segundo o professor e economista da Ibmec, Gilberto Braga.
Mesmo diante do aumento dos custos de produção, o Ministério da Agricultura assegura que não faltará fertilizantes para os produtores rurais. O aceno ocorreu um dia após o presidente russo, Putin, assegurar fornecimento de fertilizantes, por telefone, ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
De acordo com comunicado do governo russo, Putin garantiu que cumprirá com "todos os seus compromissos para fornecer fertilizantes ao Brasil".
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