Emissão foi rotulada como Transition Bond e está enquadrada dentro dos critérios do IFACC
A pressão do mercado nacional e internacional por práticas mais sustentáveis no campo está aumentando ao longo dos anos e, por isso, produtores têm buscado novidades que englobem eficiência, rentabilidade e combate à crise climática. Uma das soluções de destaque é a utilização de biodefensivos. De acordo com estudo da IHS Markit, o mercado de biodefensivos brasileiro cresceu 75% entre os anos de 2019 e 2021.
Uma das empresas que apostou no incentivo aos produtores rurais na transição para uma agricultura sustentável foi a AgroGalaxy — plataforma de varejo de insumos agrícolas e serviços voltados para o agronegócio. Em dezembro de 2022, a VERT realizou a emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), rotulado como Transition Bond, no valor de R$ 25 milhões. A emissão tem como objetivo financiar o projeto GreenGalaxy, que impactará até 25 produtores rurais ativos nas culturas de grãos, como soja, trigo, milho e café. O projeto atenderá áreas localizadas nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. A gestora JGP entrou como investidora e colaborou na estruturação e gestão do ativo.
Paula Peirão, head de ESG na VERT, explica as razões que fazem o GreenGalaxy ser um programa inovador: “A emissão deste CRA é inovadora por diversos motivos. Ela junta dois tipos de financiamento: um que financia os insumos do produtor, só que ao invés de ser um protocolo tradicional de insumos, é um protocolo de bioinsumos — que resulta na redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). E a outra parte é o investimento em recuperação de áreas degradadas, que mostra na prática como é possível aumentar a produtividade sem desmatar.”.
De acordo com o parecer independente da NINT — maior empresa de consultoria e avaliação ESG da América Latina — a emissão está alinhada com quatro Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Fome Zero e Agricultura Sustentável, Consumo e Produção Sustentáveis, Ação Contra a Mudança Global do Clima e Vida Terrestre. Além disso, atende às metas propostas pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).
A emissão também é a primeira realizada dentro da tese de mudança do IFACC (Inovação Financeira para Amazônia, Cerrado e Chaco). “Segundo o IFACC, existe mais de dezoito milhões de hectares de área degradada no Cerrado, isso é muito mais do que a gente precisa até 2030 para expansão de áreas. Então, ao invés de desmatar áreas adicionais para aumentar a produção, o produtor expande e aumenta a produtividade recuperando essas áreas, o que elimina a necessidade de desmatamento”, declara Peirão.
Para que os produtores participem da iniciativa, é necessário comprovar que não desmataram nenhuma área desde janeiro de 2020, critério estabelecido pelo próprio IFACC. A partir disso, existe uma série de monitoramentos socioambientais. A AgroGalaxy conta com uma empresa técnica que ajuda os produtores a fazerem esse monitoramento e assim garantir que a produção está de acordo com as leis socioambientais. Além disso, ao final de cada ano, é realizada uma verificação in loco para saber exatamente quanto está tendo de colocação efetiva dos bioinsumos.
A head de ESG da VERT explica que a emissão do CRA exigiu um trabalho em conjunto entre os três parceiros — AgroGalaxy, JGP e VERT — que atuaram ativamente de todos os lados, desde o mais técnico olhando um assistente no campo até a ponta de RI. Ela conta que a VERT já possui expertise em estruturar emissões pulverizadas, ou seja, que engloba vários produtores emitindo várias CPRs (Cédula do Produto Rural), o que colaborou para o sucesso da operação. Além de ser uma empresa que conta com profissionais com extensa atuação no agronegócio e ESG.
“São poucos casos que temos no mercado de CRA com o dinheiro chegando direto no produtor e financiando a transição para uma agricultura sustentável. Quanto mais espaço dermos para estruturas de agro pulverizadas, com mecanismos palpáveis de mensuração e que promovem o engajamento de produtores, maiores serão as chances de operações como essa virarem a norma e não a exceção", declara Paula Peirão.
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O programa, lançado pelo Governo Federal, visou auxiliar na renegociação de dívidas das pessoas físicas, contribuindo para a diminuição do endividamento do país e na redução do percentual de inadimplência.
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