As propostas estão divididas em três vertentes temáticas: bioeconomia florestal, economia circular e desenvolvimento urbano
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou no dia 30 de novembro os projetos de impacto positivo que receberão recursos por meio de estruturas de Blended Finance. As propostas estão divididas em três vertentes temáticas: bioeconomia florestal, economia circular e desenvolvimento urbano. É a primeira vez que uma iniciativa como esta — de financiamento através de instrumentos híbridos — acontece no Brasil.
Das 50 propostas apresentadas, 11 foram selecionadas, entre elas estão duas que a VERT está envolvida. A primeira é um projeto desenvolvido pela Natura & Co, VERT e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), que visa fortalecer organizações, negócios e cadeias da sociobiodiversidade na Amazônia, por meio de dois instrumentos, um CRA e um instrumento filantrópico.
O segundo projeto, desenvolvido pela Artemisia, VERT e Tozzini Freire Advogados, será um FIDC para financiar negócios de impacto da Economia Circular. Em ambas as iniciativas, a VERT será responsável pela estruturação, distribuição e gestão dos ativos.
Em nota, o Diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES, Bruno Aranha, declarou que a intenção da instituição ao lançar o edital de Blended Finance era “movimentar o ecossistema de soluções financeiras no campo socioambiental, em processo de inovação aberta”. Aranha complementa afirmando que o objetivo de juntar os mundos da filantropia e do setor financeiro foi alcançado. “Prova disso é a grande quantidade de interessados e propostas apresentadas, bem como o capital catalítico demandado que ultrapassa em mais de 10 vezes o montante do orçamento previsto para o primeiro edital, para destravar mais de R$ 1 bilhão em investimentos”, declara.
A ideia do Blended Finance é fazer a junção de capital concessional (filantrópico ou recursos públicos) e de recursos reembolsáveis de mercado. A diferença é que a instituição que entra com o capital concessional, pode prover um colchão de garantia com o objetivo de proporcionar um balanço de risco/retorno e dar mais segurança para o investidor de mercado. Por isso a estrutura é chamada de Blended Finance — que em português significa finanças híbridas ou combinadas. De acordo com explicação do próprio BNDES, “essas estruturas híbridas podem combinar instrumentos diversos para apoio aos projetos, como por exemplo: dívida, equity, garantias, seguros, grants, pagamento por resultados e assistência técnica.”
Paula Peirão, head de ESG da VERT, explica que a união dessas duas possibilidades de capital viabiliza que novos investimentos de impacto positivo sejam alavancados.
“O Blended Finance ajuda a destravar o financiamento para alguns modelos de negócio que ainda possuem uma percepção de risco muito elevada para o investidor de mercado. Ou seja, o capital concessional entra na estrutura para trazer uma relação de risco/retorno mais adequada para o investidor e para o tomador na ponta, dando a possibilidade de alavancar mais recursos privados para projetos de impacto socioambiental”, esclarece.
Em relação aos projetos selecionados, dois dos quais a VERT faz parte, a head de ESG ainda ressalta que a empresa também terá um papel educativo, em conjunto com os players do ecossistema, para que surjam cada vez mais casos de sucesso no Brasil.
“Criando bons cases, temos a possibilidade de alavancar mais recursos, inclusive internacionais, e educarmos aos poucos o investidor de mercado para que ele entenda melhor esses modelos inovadores. A intenção é que no futuro não precisemos de capital concessional assumindo o risco de uma cota porque os investidores já estarão familiarizados com modelos de negócio e entenderão a importância de investir em empresas com projetos inovadores e que geram impacto positivo”, diz Peirão.
Na última quarta-feira (06), Martha de Sá, CEO da VERT, participou de um painel no BNDES Day, evento que faz parte da celebração de 70 anos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, em sua fala sobre estruturas de Blended Finance, Martha declarou “temos que usar a inovação financeira a favor do Brasil!”.
O trabalho da VERT com estruturas de impacto positivo, em conjunto com o BNDES, já começou há algum tempo. Em fevereiro de 2022, o Banco de Desenvolvimento financiou 95% da emissão de uma debênture financeira que a VERT estruturou para a Solfácil. Agora, a VERT está participando de outros dois projetos, com outras duas empresas, e promovendo uma ferramenta de financiamento inovadora.
“Nós já possuímos a expertise por trabalhar diariamente com instrumentos estruturados. Estamos participando ativamente da criação de novos mecanismos, como é o caso do Blended Finance. E não vamos parar por aqui, estamos procurando ativamente projetos com impacto positivo na área ambiental e social para colaborar ainda mais com a expansão desse mercado”, afirma Paula Peirão.
O programa, lançado pelo Governo Federal, visou auxiliar na renegociação de dívidas das pessoas físicas, contribuindo para a diminuição do endividamento do país e na redução do percentual de inadimplência.
Dados recentes revelam que as mudanças climáticas representam uma ameaça para a economia brasileira, afetando a agropecuária e comprometendo a previsão crescimento para o país.
O Amazônia Viva é uma iniciativa como objetivo apoiar a bioeconomia da Amazônia, através de um mecanismo de financiamento misto, chamado blended finance.