Diretor de sustentabilidade da ComBio explica os benefícios da energia térmica produzida a partir da biomassa
O Brasil é um dos países com maior potencial de geração de energia térmica por meio de biomassa, isso se deve ao fato de que, além de o país ter condições naturais e geográficas favoráveis, também é um grande produtor dos resíduos utilizados para produção de energia renovável.
Roberto Véras, diretor de sustentabilidade da ComBio — empresa que é protagonista no fornecimento de energia térmica renovável e biomassa —, explica que no Brasil existem três tipos de categoria de energia: elétrica, as relacionadas ao transporte (combustível) e a energia térmica (usada em processos industriais). O país possui 85% da matriz elétrica renovável. Em relação a matriz de transporte, há 25% de etanol na gasolina e 10% de biodiesel no diesel.
“Mas a energia térmica é onde ainda temos uma fatia muito grande de poluição, aproximadamente, 90% ainda é de origem fóssil. Isso porque, na energia térmica é necessário queimar um combustível”, declara Véras.
“Não é possível fazer energia térmica com fonte solar, eólica ou hidráulica, como o caso da elétrica. Em escala industrial, o que existe de alternativa, atualmente: carvão, gás, óleo — todos combustíveis fósseis —, e a biomassa, que é a única opção no campo das renováveis em que é possível gerar energia térmica”, relata.
Além do baixo custo, há a reutilização de resíduos, a produção de energia menos poluente — um dos principais temas discutidos na última década e cobrados das empresas pelos investidores — e a geração de empregos, visto que a construção e manutenção de uma caldeira de biomassa exige mais postos de trabalho do que outros tipos de caldeiras.
Praticamente, qualquer resíduo florestal que não seja muito úmido pode ser queimado e transformado em energia. “No Pará, nós queimamos caroço de açaí. No Rio Grande do Sul, queimamos casca de arroz. Em São Paulo, queimamos pomar de laranja velho, casca de eucalipto, pó de serra, bagaço de cana, entre outros”, conta Véras.
A ComBio leva a biomassa para setores que têm alto consumo de energia térmica. Algumas das principais indústrias que utilizam esse tipo de energia são as de papel e celulose, mineradoras, alimentos e bebidas, e fábricas de pneus.
De acordo com o diretor de sustentabilidade da ComBio, uma caldeira a biomassa de grande porte pode possuir até 40 metros de altura e 200 metros de cumprimento. As empresas não conseguem cuidar disso por conta própria. Por isso, a atuação da ComBio está pautada em um modelo full outsourcing, ou seja, o cliente não precisa se preocupar com nada. A empresa é responsável por comprar o equipamento, construir a unidade dentro da fábrica, fazer o licenciamento ambiental, operar com mão de obra própria, fazer toda a gestão da biomassa, realizar a produção da energia térmica e cuidar, também, do processo de geração de créditos de carbono. “É uma solução de transição enérgica para grandes indústrias, que colabora para uma grande fatia de descarbonização da fábrica, porque, normalmente, essa energia é responsável por 60 a 90% das emissões, dependendo de quanto a caldeira representa na atividade”, explica.
Um dos diferenciais da biomassa, em relação aos recursos fósseis, é que quando ela é queimada, o nível de carbono liberado na atmosfera é próximo a quantidade que a planta fixou em seu processo de crescimento. Sendo assim, a produção de energia, por meio da biomassa, é tida como um ciclo neutro dentro das emissões. Por isso, os projetos da ComBio financiados pela captação de recursos por meio da emissão de Certificado de Recebíveis do Agronegócio, podem receber o selo verde. Como é o caso do CRA de R$ 200 milhões, emitido em julho deste ano pela VERT.
Esse CRA, rotulado como título verde pela NINT — maior empresa de consultoria e avaliação ESG da América Latina — está financiando dois projetos de energia renovável de uma mesma empresa, que produz insumos a base de milho. Serão construídas duas unidades produtoras de vapor, que vão proporcionar uma redução estimada de 300 mil toneladas de CO2 por ano. “Como são 15 anos de contrato, então estamos falando de 4,5 milhões de toneladas de CO2 que não serão adicionadas na atmosfera por conta do uso da biomassa em vez de outros tipos de geração de combustível – isso levando em conta apenas a vigência do contrato, mas uma caldeira dura em torno de 30 e 40 anos”, ressalta Roberto Véras.
Os impactos do uso desenfreado de combustíveis fósseis estão sendo sentidos no mundo todo. Líderes mundiais se reúnem todos os anos na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) para debater formas de alcançar a descarbonização da economia. Para conseguir atingir o objetivo de redução do aquecimento global a 1,5 ºC, em relação à era pré-industrial, os países terão que limitar drasticamente o volume de carbono emitido na atmosfera. No caso do Brasil, a utilização da energia advinda da biomassa tende a ser uma importante alternativa para colaborar na redução das emissões de gases do efeito estufa.
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