A produção brasileira de grãos deve atingir o recorde de 272,5 milhões de toneladas na temporada 2021/22, segundo dados da Conab
Diante das perspectivas mais positivas para as culturas de milho e trigo, a produção brasileira de grãos deve atingir o recorde de 272,5 milhões de toneladas na temporada 2021/22. Trata-se de um incremento de 6,7% em comparação ao mesmo ciclo do ano passado, ou, 17 milhões de toneladas a mais, segundo levantamento divulgado neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a safra brasileira do atual ciclo 2021/22 deverá somar 261,4 milhões de toneladas, um acréscimo de 3,2% (ou de 8,2 milhões de toneladas) ao ciclo de 2021. Os institutos utilizam metodologias diferentes, por isso as estimativas são divergentes.
No levantamento divulgado pela Conab, embora a atual safra tenha passado por adversidades climáticas em algumas regiões produtoras, principalmente nos estados da Região Sul do país, será a maior já produzida. ‘’O crescimento ante a última safra é de 6,7% ou 17 milhões de toneladas. Comparativamente à estimativa anterior, observa-se acréscimo de 0,4% ou 1,22 milhão de toneladas, decorrente de ganhos no milho e no trigo’’, disse a empresa, no texto de análise do levantamento.
Para a oleaginosa, a Conab informou que a produção do ciclo atual foi finalizada em 124 milhões de toneladas, um recuo de 10,2% em comparação à temporada passada. A estimativa anterior era de 124,27 milhões de toneladas. A área plantada da soja, por sua vez, foi de 40.950,6 mil hectares, 4,5% superior ao da safra 2020/21.
A estatal explicou que a influência do fenômeno La Ninã na Região Sul e no Mato Grosso do Sul, com redução das precipitações, foi determinante para a diminuição da produtividade nessas regiões, consequentemente, da produção total de soja no país.
No caso do cereal, a colheita da segunda safra 2021/22 ainda avança na maioria das regiões produtoras, alcançando 20,4% da área semeada. A área para o cultivo somou 16.453,7 mil hectares, 9,7% superior ao da safra passada - e é a maior área já registrada para o cultivo do milho. “Mesmo com o grande aumento no custo de produção, as excelentes cotações registradas para o cereal e a antecipação da colheita da soja motivaram os produtores para esse expressivo aumento de área”, explicou a Conab, no relatório.
Para a produtividade média do cereal, a Conab espera para esta safra 5.376 kg/ha, 32,7% superior à safra de 2020/21. A produção final deverá alcançar 88,4 milhões de toneladas.
Há uma perspectiva de aumento de 6,6% da área cultivada em relação à safra passada, nas quais já foram semeadas em torno de 65%, segundo a Conab. Além disso, há uma expectativa de aumento de 10% de produtividade, assim, o atual cenário prospecta uma produção de 9.031 mil toneladas de trigo para a atual safra, valor 17,6% maior que a safra anterior.
A estatal ainda estimou que a retomada da valorização cambial, somada à alta da cotação argentina, que acabam por encarecer a paridade de importação, foram fatores determinantes para as valorizações sobre as cotações domésticas.
No aspecto global, os produtores e investidores seguem acompanhando o desenrolar do conflito russo na Ucrânia – a maior guerra em solo europeu desde 1945. Em relatório distribuído pelo Itaú BBA, o banco disse que o conflito “trouxe uma nova rodada de choques de oferta, com redução drástica das exportações de dois produtores importantes de produtos básicos, como petróleo e derivados, milho e trigo. Seja por sanções, no caso da Rússia, seja por conflito em solo local, no caso da Ucrânia”. É importante destacar que a Rússia e a Ucrânia são duas das principais produtoras de trigo do mundo.
No caso dos preços, o Itaú BBA disse que embora espera que os custos mais elevados impactem as margens dos produtores em relação à safra anterior, o cenário ainda é positivo em uma perspectiva histórica, uma vez que os preços da maioria das commodities agrícolas tendem a permanecer em patamares elevados.
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