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Open Finance: iniciativa facilita a concessão de crédito para pessoa física e jurídica

22/12/2022

Rodrigo Cabernite, co-CEO e co-fundador da Gyra+, fala sobre os benefícios do Open Finance, tanto para quem concede o crédito quanto para quem solicita

O compartilhamento de dados financeiros, por meio do Open Finance, começou em dezembro de 2021 e, até setembro deste ano, acumulava apenas 6,3 milhões de clientes únicos (PF e PJ) e 9,6 milhões de consentimentos ativos, segundo  o relatório trimestral do Open Finance.

A falta de adesão à iniciativa pode ser explicada por diversos motivos, entre eles o pouco conhecimento da população acerca de benefícios, segurança e funcionamento do sistema, além de ser um projeto que exige uma maior infraestrutura tecnológica das instituições participantes.

Para se ter uma ideia, o Pix, também criado pelo Banco Central (BC), possuía 25,8 milhões de pessoas cadastradas e 60,7 milhões de chaves registradas antes mesmo de entrar em operação. Até outubro deste ano, 141,4 milhões de brasileiros já tinham ao menos uma chave Pix cadastrada.

Open Banking e Open Finance

O Open Banking começou a ser implementado no Brasil há quase dois anos — quando teve início a primeira fase, em fevereiro de 2021. O sistema de compartilhamento de dados já deu start nas quatro fases previstas pelo BC, sendo a quarta o período em que o Open Finance foi adicionado à equação.

A diferença entre as iniciativas é que, a primeira era restrita apenas ao compartilhamento de dados bancários tradicionais, mas o BC percebeu que era possível, e relevante, abranger o escopo de informações adicionadas ao sistema. A partir disso, houve uma mudança de nomenclatura — de Open Banking para Open Finance — e, além dos bancos, corretoras de valores, seguradoras, plataformas de investimento, fintechs, fundos de previdência e pensão também foram inseridos no projeto.

Relevância do Open Finance na concessão de crédito

O que talvez uma boa parte da população brasileira não saiba, é que o Open Finance pode facilitar a concessão de crédito, tanto para pessoa física quanto para pessoa jurídica. É o que explica Rodrigo Cabernite, co-CEO e co-fundador da Gyra+, plataforma digital de crédito que está no mercado desde 2017: “o Open Finance ajuda muito na obtenção de informações para que possamos tomar a decisão de crédito correta. Ele dá acesso a dados que antes eram detidos por apenas uma instituição financeira ou plataforma. Agora, as pessoas são realmente donas dos próprios dados e têm independência para escolher transportá-los entre as instituições participantes da iniciativa”.

Cabernite destaca que a autorização do compartilhamento de informações, dentro do Open Finance, gera benefícios ao próprio cliente, pois em vez de considerar apenas uma possibilidade, ele tem uma dimensão maior das ofertas do mercado. “Esse sistema possibilitou tirarmos o cliente do crédito supercaro e mostrar para ele que a disponibilização dos dados de atividade, que apenas um banco possuía, viabiliza que outras instituições financeiras sejam muito mais eficientes, entendam ele melhor, e façam uma oferta de crédito mais atrativa”, completou.

O Open Finance é seguro?

De acordo com o Banco Central, a iniciativa é 100% segura. Para que os dados financeiros sejam compartilhados com outras instituições é necessária a autorização do cliente, ao autorizar o compartilhamento, a pessoa também poderá escolher quais dados e com quais instituições financeiras utilizará o Open Finance. Todo o processo segue as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Além disso, as informações são enviadas por meio de APIs (em português, Interface de Programação de Aplicações), um sistema formado por um conjunto de regras que possibilitam o compartilhamento dos dados — de forma criptografada — entre plataformas de instituições mediante uma série de padrões e protocolos.

Fonte: Open Finance Brasil

Benefícios em utilizar o Open Finance

Rodrigo Cabernite conta que a Gyra+ foi fundada em 2017 com o intuito de solucionar o problema de acesso ao crédito pelas pequenas empresas, “nós percebemos que muitas das pequenas empresas estavam excluídas do mercado de crédito”.

Na época, ainda não existia o Open Finance, Rodrigo e seu sócio, Sergio Spieler, fizeram sua primeira concessão de crédito utilizando APIs do Mercado Livre e, para avaliar o perfil financeiro do cliente, eles se basearam nas vendas dos produtos que a empresa fazia na plataforma.

“No início, pedir para alguém que está solicitando empréstimo dar acesso a conta era complicado, tínhamos que explicar bastante como funcionava. Agora, cinco anos depois, com a existência do Open Finance e todo esse trabalho educativo realizado pelas empresas, como a própria Gyra+, e pelos meios de comunicação, é muito mais fácil de o cliente entender que o sistema é seguro e em benefício dele", declara Cabernite.

O co-CEO da Gyra+ explica que no interior do Brasil, quando o empreendedor precisava fazer um financiamento de longo prazo, ia até as agências bancárias e saía com uma dívida caríssima, pois não havia concorrência e nem acesso às informações completas do perfil financeiro do cliente.

“A culpa não é nem das agências bancárias, os bancos não tinham como entender as possibilidades de concessão de crédito para a empresa porque todas as informações sobre ela estavam de forma informal espalhadas. Agora, todos os dados são digitalizados. Por exemplo, onde tinha no início transações em cheque, passaram a ser utilizadas as maquininhas e as informações dessas transações ficam disponíveis para análise de forma mais fácil. A partir disso, a Gyra+ começou a ajudar as pequenas empresas a juntarem seus dados, acessando dados de pagamento, dados comportamentais e dados de vendas e, mais recentemente, os dados bancários, com o Open Banking. Com isso em mãos podemos fazer uma análise muito mais profunda de crédito em tempo real e oferecer uma oportunidade de empréstimo mais justa e acordo com a realidade do cliente”, comenta Rodrigo.

Social Bonds

Em outubro de 2020 e junho de 2021, a VERT emitiu duas debêntures financeiras para a Gyra+, a primeira emissão foi de R$ 50 milhões e a segunda de R$ 120 milhões, ambas rotuladas como Social Bonds. "Nós fizemos essas emissões em um contexto de pandemia, entre a primeira e segunda onda. Naquele momento o crédito estava escasso, os bancos não estavam emprestando, o governo tinha prometido muito e não estava conseguindo chegar na pequena empresa. Então, o tamanho da demanda era muito maior do que os nossos instrumentos, mas nós conseguimos distribuir de uma forma muito saudável”, conta Cabernite.

Rodrigo explica que quase 95% do tipo de crédito que a Gyra+ fornece entra nos requisitos do International Social Bonds Standards, pois a fintech trabalha principalmente com pequenas empresas que faturam até R$ 3,6 milhões ao ano e que encontram dificuldades para conseguir crédito com taxas que não sejam abusivas. “Então, a natureza da nossa empresa, já entra por si só nos requisitos de Social Bond, por ter um impacto social relevante. Para a emissão das debêntures, não foi necessária nenhuma mudança ou adaptação na operação porque nosso trabalho já tem esse impacto e a captação de recursos por meio desses dois instrumentos foi muito relevante naquele momento”, declara.

Marlana Zanatta Rodrigues

Palavras-chave

Tecnologia, Open Finance, Gyra+, Fintech, Social Bonds

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