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Economia Internacional

11/08/2022

Ucrânia volta a exportar grãos em meio a conflito russo: qual o impacto no agro

Rússia e Ucrânia são dois dos mais importantes produtores e exportadores de trigo e milho no mundo

Naiara Albuquerque
Jornalista na VERT Capital

Os efeitos econômicos e sociais ainda são sentidos nos mercados globais mesmo passados seis meses após o início da guerra russa na Ucrânia. Uma prova disso é o impacto no setor agropecuário. Ambos países, Rússia e Ucrânia, são dois dos mais importantes produtores e exportadores de trigo e milho no mundo. Só na semana passada que a Ucrânia voltou a exportar grãos: um carregamento de 26 mil toneladas de milho saiu de um dos portos do país.

 

O retorno dos embarques só foi possível após ambos os países terem firmado um acordo em Istambul, na Turquia. O intuito dos termos do acordo foi visando a segurança alimentar no mundo – em países como Brasil, o preço do macarrão e pão, por exemplo, estão em escalada desde o início do conflito.

Além disso, segundo informações da agência Bloomberg, o ministro da Infraestrutura da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, assinalou que as duas primeiras semanas de retomada serão tratadas como um período de teste, e não mais do que três embarcações por dia deixarão o país. Se tudo correr bem, contudo, as exportações poderão aumentar para até 3 milhões de toneladas por mês nas próximas semanas.

“Hoje, a Ucrânia e parceiros dão mais um passo no sentido de prevenir a fome no mundo", disse o ministro ucraniano da Infraestrutura, Alexander Kubrakov, que comemorou o embarque do primeiro navio. Já a ONU disse que espera que este seja o primeiro de muitos navios comerciais, em conformidade com o acordo assinado e que vai trazer estabilidade e “ajuda indispensáveis à segurança alimentar mundial, em particular nos contextos humanitários mais frágeis”.

 

Mesmo diante do aceno, ainda há incertezas em relação à oferta do grão na região, o que segue impulsionando os preços das commodities agrícolas na bolsa de Chicago, além de pressionar as margens dos produtores aqui no Brasil.

A título de comparação, os gastos dos produtores brasileiros com adubos avançaram 178% nos primeiros cinco meses deste ano em comparação com o ano passado e chegaram à marca de US$ 9,6 bilhões. Como já mostramos aqui, o analista Marcelo Mello, da consultoria StoneX, disse, em reunião com técnicos e executivos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que os preços dos produtos da fórmula NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) dispararam entre 2008 e 2022 e estão no maior patamar da história.

Grãos

Na bolsa de Chicago, onde soja, milho e trigo são negociados, os preços ainda enfrentam forte oscilação de olho no clima seco nas principais regiões produtoras nos EUA. No caso do trigo, os papéis mais negociados, para setembro, subiram 2,34% (18,25 centavos de dólar), para US$ 7,9975 por bushel.

Como fator de pressão para os preços, o mercado segue acompanhando os embarques de grãos da Ucrânia na região do Mar Negro. “Desde a abertura do corredor de grãos, dez navios partiram com milho, soja, óleo de girassol e farelo", pontuou Craig Turner, da Daniels Trading, em nota.

No mercado de milho, os papéis para setembro avançaram apenas 0,73%, ou 4,5 centavos de dólar, e estacionaram em US$ 6,1850 o bushel. Na contramão dos cereais, os contratos de soja para novembro caíram 0,07% (0,75 centavos de dólar) e estacionaram em US$ 14,2775 por bushel.

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Hashtags: agronegocio, russia, ucrania, graos, bolsa de chicago

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