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ESG Agronegócio

13/01/2022

Mudanças climáticas devem ditar produção brasileira de soja nos próximos anos, diz pesquisador

As mudanças climáticas estão, mais do que nunca, no palco das discussões políticas, ambientais e produtivas no Brasil.

Naiara Albuquerque
Jornalista na VERT Capital

As mudanças climáticas estão, mais do que nunca, no palco das discussões políticas, ambientais e produtivas no Brasil. Primeiramente porque, de acordo com um estudo publicado nesta semana pelo pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) Evandro Silva, no European Journal of Agronomy, essas mudanças ditarão o ciclo de safras de soja no país nos próximos anos.

Segundo o pesquisador, haverá um aumento na concentração de CO2 no mundo, o que pode mitigar os impactos futuros prejudiciais do aquecimento global sobre a produtividade de plantas como a soja. “Uma vez que calibramos os modelos de culturas, passamos para os modelos climáticos. E, a partir disso, geramos uma série de simulações, em que tentamos reproduzir em quais condições os produtores viriam a semear”, disse à VERT. Com plantas mais bem adaptadas, o aumento produtivo dos sojicultores ficaria entre 1 e 30%.

Se de um lado os sojicultores poderão ter plantas mais produtivas, o cenário climático para elas ainda é uma incógnita. “Haverá uma maior ocorrência de eventos extremos, com chuvas mais severas e quebras de safras, o que talvez aumente a necessidade de estoques”, destacou Silva. O levantamento também contou com o apoio de pesquisadores do Instituto Federal do Mato Grosso, da Embrapa e da Universidade Federal de Santa Maria.

No estudo, a equipe de pesquisadores realizou experimentos a campo e criaram mais de 20 modelos climáticos globais e dois cenários de concentração futura de CO2, além do mapeamento da área que produz soja no Brasil. As estimativas foram concentradas na produção de soja entre 2040 e 2069.

Entre as descobertas, o estudo encontrou que haverá possivelmente um ganho de produtividade de água nas plantas, que serão mais resistentes às temperaturas mais altas, além de serem mais econômicas em termos de consumo hídrico. “Produzem mais com quantidade menor de água”.

Um mundo consideravelmente mais quente

Água, clima e produção agrícola nunca estiveram tão intimamente ligados como agora. Nesta semana, ocorreu a divulgação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que mostrou que o mundo irá atingir o aumento de temperatura de 1,5°C nesta década, entre 2020 e 2030. “Estamos em 1,1°C”, disse durante o evento de lançamento o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo.

Para especialistas, as mudanças climáticas e a forma como o mundo ficará muito mais quente — no Brasil, as temperaturas podem crescer até 4 ou 5 °C nas próximas décadas —poderá inviabilizar a forma como acontece a produção agrícola no país.

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Em nota, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) afirmou que não vê relação entre o plantio de soja e as mudanças climáticas nem relação entre a produção brasileira e possíveis prejuízos aos sojicultores decorrentes de alterações no clima do planeta.

“Importante destacar que a entidade é contrária ao desmatamento ilegal e a toda forma de supressão de vegetação nativa que não esteja autorizada pela Lei 12.651/2012, que instituiu o Código Florestal. Pela Lei, todo proprietário da terra deve preservar entre 20% e 80% de sua área (Reserva Legal, dependendo do bioma), além de nascentes, beiras de cursos de água e topos de morros (Áreas de Preservação Permanente - APP). Neste sentido, é preciso discernir entre o desmatamento ilegal e o desmatamento autorizado pelo Código Florestal”, acrescentou a entidade, em nota.

Hashtags: Soja, Clima, Aquecimento Global

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